África é um continente grande, imenso, marcado pela diversidade de paisagens, espécies, oportunidades e níveis de desenvolvimento. Cada caso é um caso e não é, de todo, correcto fazer generalizações que resultam numa mera simplificação de características por tipificação. A pobreza e a vulnerabilidade imperam, mas há, pelo menos, dois aspectos que tenho encontrado em todos os países africanos onde vivi ou que visitei: a beleza natural e a alegria das crianças.
Em África, a contemplação da natureza transmite, muitas vezes, a sensação de dureza em resultado da seca ou da indisponibilidade de água doce: percorrem-se quilómetros, que parecem infinitos, na companhia de paisagens que alternam entre a relativa densidade e a profunda aridez. De quando em vez, encontram-se comunidades que dão cor e vida aos espaços como se de um quadro animado se tratasse. E, uma vez ali, novas sensações nos enchem a alma: o tempo parece ter parado fazendo-nos viajar até outras formas de vida, mas sentimo-nos rejuvenescidos pela multidão de crianças chegando de todos os lados só para ver quem acabou de entrar na aldeia.
África é um continente de contrastes, o mais velho do Mundo, que identificamos com a origem da humanidade, e um dos mais jovens do ponto de vista demográfico, já que cerca de 40% da população tem idade inferior a 15 anos. Os dados sócio-demográficos levam-nos a pensar que é um continente de esperança porque as crianças representam o futuro, porque quando olhamos para elas vemos dois olhos enormes, imensos, repletos de curiosidade e um sorriso tão grande quanto as pequenas fisionomias permitem. Estas são crianças pobres que não têm quase nada, só comem uma refeição por dia, estudam e trabalham para ajudar as famílias na aquisição de alimento e de outros recursos, dentro das suas possibilidades e do que consideramos impensável para os nossos. São crianças vulneráveis que crescem demasiado depressa porque não brincam, estudam pouco porque não podem seguir mais à frente, são responsabilizadas pelas tarefas domésticas, pelo acompanhamento de outras crianças e pela continuidade da família. Casam antes de tempo sem se aperceberem do que é o amor, têm filhos a correr, uns atrás dos outros, porque, apesar de nos parecer que o tempo ali não passa, para eles o envelhecimento vem quase a seguir à infância.
E ao olhar nos olhos destas crianças, quase adultas, cheios de curiosidade e de ver os seus sorrisos abertos, genuínos e cheios de pureza, questiono-me: no meio de tudo, onde fica a esperança? A sensação com que fico é que estas crianças estão a viver da mesma forma que os pais, os avós e todos os que viveram antes deles. E que os filhos e os netos viverão da mesma forma...
*Brígida Rocha Brito é socióloga, Doutorada em Estudos Africanos, Investigadora (CEA/ISCTE-IUL) e docente da Universidade Autónoma de Lisboa (Licenciatura em Relações Internacionais)
Serão estas crianças mais felizes no nosso mundo?
ResponderEliminarE o olhar destas crianças, a curiosidade e os seus sorrisos abertos, genuínos e cheios de pureza... seriam estas crianças mais felizes no nosso mundo?
ResponderEliminarÉ uma felicidade diferente, uma questão de padrão no que respeita ao desenvolvimento. Haverá modelos standardizados para o desenvolvimento e para a felicidade? Provavelmente não, mas nós, ocidentais, continuamos a acreditar que sim, pelo menos no que respeita à acessibilidade a recursos básicos, mesmo que não vitais.
ResponderEliminar“…os filhos e os netos viverão da mesma forma.”
ResponderEliminarOu não.
Dependerá talvez do que os seus Governos e os Governos dos outros países queiram que seja o futuro destas crianças.
Lamentamos (do lado de cá, no nosso mundo) a incapacidade (e porque não, a falta de interesse…) que existe para que esse potencial se transforme em realidade. Se estudarem e puderem ter acesso a outras visões da vida, terão opção sobre a vida que quererão para si próprios. O que actualmente não sucede em grande parte destes países.
Existirão ainda oportunidades desperdiçadas, também por desconhecimento em como poder aproveitá-las para ser possível o verdadeiro salto de qualidade. Aprendi que, embora lentamente, os modelos de organização social são passíveis de alteração; mas a mudança só terá sucesso quando os interessados são envolvidos no processo.
Cristina Rocha Brito
Pois é, é verdade. Mas problema, eu acho, é que sempre que nos confrontamos com crianças, que correm até nós ávidas de curiosidade, pensamos no "se" mas a concretização fica sempre a aguardar qualquer coisa que nunca vem... Dinheiro, vontade política, interesse, voluntarismo, disponibilização de materiais... ou tudo junto e mais alguma coisa. E enquanto tardam em chegar, continuam a correr até nós e a curiosidade não desaparece, ao contrário, é ainda maior a cada contacto que se dá.
ResponderEliminarbebe filosofo dez da primeira vez que ti vi me apaixonei eu sou uma negona sou sua fa n1.minha rua e bela dona o bairro e jordao e a cidade e sao paulo estarei esperando na cama quentinha com fronha nova publicado por bebe filosofa
ResponderEliminarBebe filosofo adorei sua matéria sobre o estado das crianças na África.
ResponderEliminarPublicado por:
A BEBE FILOSOFA
bebe filosofo eu estou fazendo uma pesquisa sobre a infancia na africa para a minha universidaDe queria saber se voce pode me dar uma ajuda.Por favor pesso que você lpublique algo a mais sobre a infancia na Africa.
ResponderEliminarObrigada!
A BEBE FILOSOFA