domingo, 7 de fevereiro de 2010
Porque é que um homem não chora (fora de casa)
Judith Harris é uma psicóloga americana que em 1998, quando tinha 60 anos publicou simultaneamente um artigo na prestigiada revista Psychological Review, e um livro com o mesmo tema, que intitulou The Nurture Assumption. A sua investigação foi realizada fora da Universidade. No final dos anos 90, Harries recebeu o Prémio George A. Miller, da Associação Americana de Psicologia e recordou que a honra que lhe era concedida trazia o nome da pessoa que, 20 anos antes recusara o seu projecto de doutoramento.
A tese principal de Harris é a de que a personalidade que as crianças constroem é produto do contacto com os pares, muito mais do que das experiências com o núcleo familiar. Aos dois anos, diz Harris a criança reconhece a sua categoria social (menino ou menina, pequeno ou grande). Aos 4 anos os rapazes formam grupos de rapazes e comportam-se como rapazes: duros, não choram, escondem as fraquezas. A personalidade de adulto é, para Harris, como o sotaque e o domínio da lingua: o resultado da aprendizagem e do confronto social com os pares. A personalidade domestica fica em casa, como um esqueleto no armário.
Isto explica porque algumas crianças são apontadas como modelos no infantário e tiranizam os pais quando chegam a casa. E como as crianças com comportamento de oposição desafiante podem ser, na escola, completamente ajustadas às regras e normas em vigor.
Se as teses de Harris são verdadeiras- e ela coligiu uma consideravel soma de evidencias que expôs admiravelmente nos seus livros e artigos- os pais podem respirar mais fundo. Eles só são secundariamente responsáveis pelo adulto que está a crescer em sua casa. E devem preocupar-se mais com a escolha da creche e perguntar muitas vezes pelos coleguinhas.
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Eis de facto uma boa notícia para os pais, saberem que as suas pestinhas não são necessariamente culpa sua!
ResponderEliminarMas a experiência de vários professores meus amigos mostra que muitas vezes, quando querem discutir problemas de indisciplina dos seus alunos, deparam-se com pais e mães que garantem que em casa aqueles terrores são verdadeiros anjinhos.
De facto, nada como manter um olho atento, saber quem são os amigos dos nossos filhos e, em vez de arcarem com as responsabilidades (e as culpas!) todas, deixarmos que os pais aprendam desde cedo a responsabilizar os filhos.
Não conheço (e espero não vir a conhecer) pais que desejem "respirar fundo por só ser secundáriamente responsáveis pelo adulto que está a crescer em sua casa".
ResponderEliminarÉ a "psicologia" do filho como uma doença que tem que ser tratada.
Como se a escola não fosse, na verdade, o mal necessário e a desculpa para aquilo que não temos tempo de fazer em casa.
Apetece dizer:
"How can it be a large career to tell other people`s children about the Rule of Three, and a small career to tell one`s own children about the Universe? How can it be broad to be the same thing for everyone, and narrow to be everything to someone?"
(G.K. Chesterton)