segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Regresso


As férias já terminaram ou estão a acabar e é altura de organizar ideias.

O Bebé Filósofo quer saber o que é que as mães e pais gostavam mais de ler por aqui. Quais são os temas, as idades, as preocupações que mais lhes interessam. Para nós pormos os nossos "filósofos" convidados a tratar disso.

Ideias, sugestões e tudo o resto são muito bem-vindas.

Nos comentários ou para o mail sociedadepediatrica@gmail.com.

Bom regresso!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Quem tem (amor de) mãe, tem tudo









Estudo publicado no “Journal of Epidemiology and Community Health”:


"Saúde emocional na idade adulta depende do afecto materno

O carinho e o afecto materno dado à criança na infância têm um grande impacto no desenvolvimento da saúde mental e emocional na idade adulta, revela um artigo publicado no “Journal of Epidemiology and Community Health”.

Para este estudo, os investigadores da Duke University, nos EUA, acompanharam 482 crianças desde os oito meses de idade até estas terem atingido os 34 anos. Aos oito meses de idade, as crianças foram submetidas a testes para avaliação do seu desenvolvimento. Os resultados dos testes foram apresentados às mães, tendo também sido registadas as suas reacções aos mesmos.

Simultaneamente, a quantidade de afecto e atenção maternas foram igualmente avaliadas e classificadas em níveis que variavam entre o “negativo” e o “extravagante”. Posteriormente, a saúde mental dos participantes foi avaliada na idade adulta, quando estes tinham atingido, em média, os 34 anos de idade.

O estudo revelou que 10% das mães davam pouco afecto aos seus filhos, 85% davam afecto considerado “normal” e 6% davam demasiado afecto.

Os investigadores constataram que as crianças que tinham recebido mais afecto das mães aos oito meses de idade apresentavam, na idade adulta, menores níveis de stress, ansiedade e hostilidade. Pelo contrário, quanto menos afecto tinham recebido na infância maior eram os níveis de stress, ansiedade e hostilidade, os quais podem contribuir para uma instabilidade emocional e insegurança.

Os investigadores concluem que o afecto materno pode permitir e promover um desenvolvimento saudável das relações com os outros e das ligações emocionais, ajudando a criança a desenvolver capacidades sociais que são importantes para combater o stress e a ansiedade."

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Hiperactividade ou falta de educação?

Por Bárbara Wong *


Acreditem que estou convencida que a “hiperactividade” existe, que é uma doença e que deve ser medicada, tratada, acompanhada, etc. Contudo, conheço casos diagnosticados como “hiperactividade” e a mim não me parece mais do que falta de educação.

Senão, vejamos:

G., seis anos, diagnóstico: hiperactividade. Na escola, a professora queixou-se que o menino era muito agressivo, atirava-se para o chão a gritar e a espernear quando a docente o mandava ficar quieto, sentado, a fazer os trabalhos, como aos outros. Pontapés nas pernas da professora, queixou-se a mesma.

Eu lembro-me do crescimento de G. . Desde bebé em frente ao televisor, as refeições foram (e continuam a ser) feitas com um pequeno ecrã de DVD em cima da mesa, para que a criança coma em sossego e não faça barulho, concentrada que está nos desenhos animados.

As brincadeiras envolvem sempre lutas, guerras, bater e “morrer”. Há lá coisa mais feia que ouvir uma criança de três anos, com ar zangado a dizer: “Vou-te matar!” e sermos surpreendidos com um murro no nariz? Aconteceu-me, não achei graça, peguei-lhe nos pulsos, olhei-o nos olhos e disse-lhe em tom muito sério: “Não. Nunca mais voltes a fazê-lo”. Remédio santo, nunca voltou a acontecer, ganhei o afecto de G., mas não o dos pais. “Somos incapazes de falar-lhe assim, estava a brincar”, censuraram-me.

G. corre atrás do gato da avó, agarra-o, aperta-lhe a cauda e o bicho arranha-o. Culpa do animal que é muito arisco, dizem os pais. G. replica a mesma brincadeira com o cachorro da família, que o mordisca. Castigo para o animal, decidem os pais. G. brinca com os primos e amigos que depressa não querem brincar com ele. O problema é dos outros. Hiperactividade e aquele xarope que o acalma. Má educação, digo eu.

J., quatro anos, o terceiro filho, faz uma diferença de oito anos da irmã mais velha e cinco da do meio. “Quero um chupa”, grita desalmadamente, às sete da manhã, dentro do carro. A mãe corre as pastelarias todas, abertas àquela hora, à procura do chupa que não existe. Ele não desiste e grita durante uma hora, até que o supermercado abre e o chupa aparece na sua mão.

O menino pára de chorar, de rosto fechado diz: “Não quero”. “Vou dar à M.”, responde-lhe a mãe. “Não. É para o lixo. Lixo” e os gritos recomeçam. Estava zangado porque as irmãs foram para fora e ele ficou sozinho, justificam os pais. Para a próxima, as meninas não sairão de casa, decidem.

Castigadas as filhas, mas não o menino a quem são feitas todas as vontades. É preciso termos paciência, desculpam os pais. Não quer comer com a família porque “andou a petiscar antes do almoço”; quer sentar-se no lugar do avô ou do tio, “é só desta vez”, pedem; ou grita “calem-se todos, calem-se todos, calem-se todos” enquanto os adultos tentam conversar, “gosta de chamar a atenção”, riem-se os progenitores. Má educação, digo eu, exasperada e logo recebo um olhar de censura.

Há sempre uma desculpa para não assumirmos as nossas funções. No fundo, no fundo, a esperança dos pais (os de J. não estão sozinhos) é que a escola remedeie a situação. Se a escola não conseguir, haverá sempre um medicamento que adormecerá a falta de educação destes miúdos e a venda desses fármacos continuará a aumentar, como dizem as notícias.


* Bárbara Wong é jornalista do Público, especializada em assuntos de Educação, e autora do livro "A Escola Ideal: como escolher a escola do seu filho dos 0 aos 18 anos" (ed. Sebenta, 2008)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Bons hábitos desde a infância precisam-se

Estudo de prevenção cardiovascular do Instituto Ricardo Jorge
Metade dos alunos do secundário já tem factores de risco cardíaco

O estudo, denominado "Coração Jovem", envolveu 854 alunos de 8 escolas secundárias da região de Lisboa (5 públicas e 3 privadas).
Cerca de 35% dos jovens dos 15 aos 18 anos que participaram no estudo tinham dois factores de risco cardiovascular e outros 12% apresentavam três factores. Entre os factores de risco mais comuns estão a obesidade, hipertensão e o tabagismo.

"A grande surpresa foi a prevalência da hipertensão: 11% dos alunos tinham já tensão alta e 28% uma pressão arterial normal-alta, ou seja, pode ser considerada pré-hipertensão. É uma barbaridade", disse, citada pelo jornal “Diário de Notícias”, Mafalda Bourbon, investigadora do Departamento de Promoção da Saúde e Doenças Crónicas do INSA.

O excesso de peso e a obesidade foram outros problemas detectados, afectando 16% dos jovens que participaram no estudo. Além disso, 13% dos alunos fumavam, e destes 8% fumavam todos os dias. Apesar de apenas 0,5% terem diabetes, 1 em cada 10 jovens tinha anomalias do metabolismo. A investigadora salienta ainda a existência de 22% de adolescentes com níveis de colesterol a rondar os limites.