terça-feira, 28 de setembro de 2010

Bebés devem viajar semi-sentados desde o primeiro dia...

... e virados para trás até aos 3 ou 4 anos.


Recomendação da Direção Geral da Saúde

Segundo uma actualização publicada no sítio oficial da DGS referente às regras de transporte de crianças em automóvel desde a alta da maternidade, “o recém-nascido deve viajar semi-sentado desde o primeiro dia”, num sistema de retenção apropriado, salvo raras excepções. Assim, as alcofas só devem ser usadas em casos especiais, como o de recém-nascidos prematuros, segundo recomendações da Sociedade Portuguesa de Pediatria.

Do mesmo modo, as crianças até aos três ou quatro anos devem viajar voltadas de costas para o sentido de trânsito. “Caso seja mesmo necessário, só a partir dos 18 meses será admissível que a criança viaje virada para a frente”, sublinha a recomendação.

O mesmo documento, citado pela agência Lusa, refere ainda que só com estas posturas se consegue, em caso de acidente, a devida protecção da cabeça, pescoço e região dorsal. A autoridade de saúde lembra que os sistemas de retenção, designados por cadeirinhas, reduzem entre 90 a 95% os casos de morte ou ferimentos graves em crianças.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

20 anos

No dia em que se assinala os 20 anos em que Portugal ratificou a Convenção dos Direitos das Crianças, a notícia da agência Lusa:

"As crianças portuguesas são cada vez menos livres e menos autónomas, mas capazes de comandar a família, defende a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) , lamentando a falta de tempo e espaço para os mais novos de hoje brincarem.


O presidente da SPP assume a dificuldade em falar do estado da infância em Portugal pela disparidade de realidades, mas considera que a sociedade atual é feita de "adultos egoístas e infantilizados e de crianças sabidas".

"O pequeno ditador saiu dos livros para a realidade, hiperativo e desatento, decidindo os consumos da família, inundado em calorias, com televisão no quarto e 'playstation move' na sala, uma das únicas oportunidades de atividade física", comenta Luís Januário à agência Lusa.

Duas décadas depois de Portugal ter ratificado a Convenção sobre os Direitos da Criança, data que se assinala amanhã, o pediatra retrata as cidades portuguesas como um obstáculo às brincadeiras na infância.


Cidades perigosas


"As cidades foram bombardeadas pela união nacional dos autarcas e dos empreiteiros que liquidaram os quintais, as matas, os olivais, os pinhais, as praças e os terreiros. As ruas e as passadeiras são perigosas e os passeios estão destruídos ou transformados em parque automóvel", descreve.


Também o conceito de tempo livre tem sofrido transformações, com a redução dos períodos para brincar e sem que as crianças sejam ouvidas.


Também a psicóloga clínica Lara Constante vê a "demasiada estruturação dos tempos livres das crianças" como uma diferença marcante em relação há 20 anos. "A maior parte das crianças que acompanho tem um horário muito sobrecarregado de atividades, algumas sem um único dia verdadeiramente livre, em que possam brincar como entendam, criar, desenvolver-se", conta.


Falta de criatividade


Mesmo os tempos fora da escola são demasiado estruturados. Fica assim a faltar criatividade nas brincadeiras e capacidade para inventar o que se faz no tempo livre.

"As crianças tornaram-se também mais dependentes, mesmo nas brincadeiras. Têm mais dificuldade em relacionar-se socialmente e em verbalizar os afetos", acrescenta a psicóloga infantil.

Há 20 anos, a vida familiar era diferente e havia uma comunidade próxima mais disponível para ajudar a ir educando as crianças.


Culpabilização pela falta de tempo

Atualmente, a sobrecarga profissional dos pais e de muitos avós fá-los ceder mais facilmente à imposição dos filhos, enquanto a culpabilização pela falta de tempo é trocada por presentes: "Nota-se uma grande dificuldade em estabelecer uma sintonia entre mimo versus regras".

Contudo, em duas décadas a criança beneficiou também da evolução da sociedade.

"O ensino pré-escolar é frequentado por um número cada vez maior de crianças. Entrar numa escola aos três anos traz muitos benefícios, até porque é a altura em que se começa a desenvolver o relacionamento social", refere Lara Constante.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 1990/91 a educação pré-escolar não obrigatória abrangia cerca de metade das crianças entre os três e os cinco anos, enquanto em 2007/2008 já cobria 80%.

Diferentes realidades

Luís Januário alerta porém que há pouco de comum entre uma criança de um colégio privado no Porto ou Lisboa e outra cuja escola encerrou numa aldeia em Lamego.

"Há pouco em comum entre uma das 10 mil crianças institucionalizadas e uma outra vivendo com uma família que a estima. Entre uma criança com os pais desempregados e outra com pais economicamente estáveis. Entre um filho de emigrantes de uma minoria linguística e outro cujos pais escrevem em português segundo o novo acordo ortográfico.

Entre uma criança negligenciada ou maltratada e outra que é acarinhada", exemplifica. "

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Bairro do Amor


“Para criar uma criança é preciso uma aldeia inteira”

provérbio africano


Há coisas que só percebemos quando, de repente, sem estarmos à espera, olhamos em volta e tudo faz sentido. Eu não gosto de fazer planos, antes imaginar que ando ao sabor do vento e do destino. Esta filosofia, se assim se pode chamar, tem, obviamente, muitas falhas. Porque a verdade é que, mesmo inconscientemente, acabamos por procurar aquilo que queremos. Podemos é fazê-lo de forma tão despistada que nem damos por isso. E ser surpreendida com os resultados.

Foi o meu caso. Um dia, por uma sucessão de acontecimentos que simplesmente encaixaram uns nos outros, dei por mim a mudar de casa. Uma casa sobre a qual tínhamos feito uma reportagem uns anos antes e que não me saia da cabeça. Ao telefone eu comentava com uma amiga que um dia gostava de viver ali. Ela disse: “olha, ouvi dizer que está disponível”. Menos de um mês depois eu e o meu marido estávamos a mudar as tralhas.
Dois dias antes de começarmos a carregar caixotes, descobri que estava grávida. A minha barriga e o meu bebé já iam crescer ali.

É uma terra pequenina. Todos os dias quando saio de casa e cheira a mar, tenho a sensação que estou de férias, sem estar. Ao início estranhei a senhora da farmácia a perguntar se eu andava a tomar as vitaminas pré-natais ou os “bom dia” e “boa tarde” repetidos a cada 5 metros quando passeava na rua. Cresci e vivi no centro de Lisboa até me casar e o anonimato da cidade sempre foi das coisas de que mais gostava. Nunca me imaginei a viver de outra forma.

Até virem os bebés. Ela primeiro. E eu que não queria mandá-la para a escola antes dos três anos, constatei, ainda não tinha passado um ano, que não ia ter alternativa. Corri uma série de infantários. Uns tinham chão aquecido nas salas, outros, hortas biológicas ou piscinas de bolas. Todos cobravam mensalidades de (muito) mais de metade do meu ordenado. Em todos, durante os vinte minutos da visita, ouvi bebés a chorar, sempre os mesmos bebés, à espera de colo de alguma educadora ou auxiliar atarefada.
Mais uma sucessão de acontecimentos felizes e acabei por entregar a minha bebé ao único infantário onde não havia vagas, nem chão aquecido, nem luxos tecnológicos. Havia boa vontade, colos disponíveis e, mais importante, havia amor.
Tive muita sorte.

Como devia acontecer em todas as escolas, aqui as mensalidades são calculadas em função do rendimento dos pais. Como devia acontecer em todas as escolas, aqui todas as funcionárias desde a limpeza, às cozinheiras, passando pela directora, sabem o nome de todas as crianças. Como devia acontecer em todas as escolas, aqui há comida saudável e boa, feita, não por uma empresa, mas por cozinheiras a sério que mandam vir do talho carninha boa para os meninos e misturam maçã cozida na papa dos bebés. Como devia acontecer em todas as escolas, há regras e rotinas diárias, mas há também excepções, e meninos, que em vez de estarem na sala, andam a passear ao colo da directora pela escola fora, porque nesse dia estão mais tristes e há que lhes dar atenção especial.

E há música desde o berçário e, à medida que crescem, ginástica e ballet e natação. Tudo dentro do horário escolar, que a partir das cinco da tarde o trabalho das crianças é brincar. Não há muitos luxos, não é preciso. Há tudo o que as crianças realmente querem nestas idades: atenção, carinho, segurança. E há uma família na escola, de braços abertos para a família de casa.

Sei hoje que tive muita sorte. Ainda não tinha a ecografia do primeiro trimestre e o bebé número dois já estava matriculado. Lá anda ele, de colo em colo. A mais crescida chegou a chorar nas férias com saudades da escola. Até eu já tinha saudades do cheiro a sopa às 9 da manhã e o carrinho com maçãs cortadas para a merenda a passear pelas salas.

Levo os dois de manhã, um ao colo, a outra pela mão, o cão pela trela. É só subir a rua e estamos lá. À tarde, descemos a rua. Às vezes vamos até ao jardim, outras eles ficam a andar de triciclo e bicicleta na rua, com outras crianças do prédio e da escola. Ou apanham a senhora do quiosque que lhes dá beijinhos e bolos. No café ao fundo da rua, há outra senhora, com o mesmo nome da mãe, que põe a menina atrás da caixa registadora ou a leva para a cozinha para ajudar a fazer bolos.

Dizemos “bom dia” e “boa tarde” a cada cinco metros enquanto andamos na rua. E eu penso que, mesmo sem planear nada disto, não podia ter resultado de forma mais perfeita.
E tremo ao pensar que um dia eles vão sair e descobrir que o resto do mundo não é todo assim.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Gravidez não é doença (a não ser na Suécia)


Por Patrícia Lamúrias*

Gravidez não é doença. Não há grávida que não oiça a frase. Ao mínimo sinal de desconforto, ao simples desabafo sobre a vontade de nada fazer, à mais pequena hesitação sobre se deveria ou não executar alguma tarefa mais complicada, lá vem a frase batida: gravidez não é doença. Pois não. Gravidez não é doença, quer dizer, até é, mas ao contrário.

Eu explico: estar grávida é uma sensação estranha, ficamos expectantes sobre o que está a acontecer no nosso corpo, só conseguimos pensar naquilo, parece que mais nada no mundo tem importância. Não é assim que muita gente se sente quando está doente? Só que quando estamos grávidas tudo isto é por uma boa causa. Daí que seja doença, mas ao contrário. Em bom.

Porque estar grávida muda tudo. A cabeça depressa se perde em pensamentos sobre bebés minúsculos e indefesos que vão depender de nós e quase só de nós, roupinhas fofinhas, quartos cores de sugus, fraldas e cremes nunca antes vistos, mamas a deitar leite, noites que nunca mais vão ser iguais, o corpo a abrir-se e gritos de dor, a vida toda de pernas para o ar. E será que vai correr tudo bem? Será que eu vou estar à altura? Será que sou capaz? Será que é tão bom como dizem? Será que é tão mau como pintam? São milhões de perguntas (quase todas sem resposta) que vão e vêm todos os dias, a toda a hora, ao mesmo tempo que o corpo muda e dá sinais que nem sempre reconhecemos.

E isto é mau? Não. É óptimo. Maravilhoso. O maior desafio de uma vida. Mas seria melhor se nos pudéssemos concentrar ainda mais neste estado diferente de todos os outros. Não digo deixar tudo para trás e não fazer mais nada durante nove meses (se bem que até era bastante agradável), mas ter oportunidade de reduzir o horário de trabalho ou de ir para casa um mês ou dois antes da data prevista para o parto. É que ter um filho dá mesmo muito trabalho e, afinal, é um bem que estamos a fazer ao mundo. O mundo precisa de crianças!

Ter lugares nos transportes (depois de ter que pedir), deixarem-nos passar à frente na fila (ainda que com má cara) ou ter lugar para estacionar no shopping (quando não estão abusivamente ocupados) é muito útil mas não chega. Trabalhar com um bebé na barriga é complicado. Nem a cabeça nem o corpo ajudam. E ter um bebé nos braços sem ter pensado e amadurecido bem a ideia, sem ter descansado o suficiente, sem ter preparado toda a logística necessária também é complicado. Nada ajuda.

Há mulheres que conseguem fazer tudo. Não me admiro. Somos todas diferentes. E há quem goste e faça questão de dizer a toda a gente que quer trabalhar até ao dia do parto. Eu estive de baixa nos dois últimos meses de gravidez e foi o melhor que me podia ter acontecido. Tirando o susto inicial de que a minha bebé poderia nascer antes do tempo, foi óptimo. Praticamente não me podia mexer e mal saí de casa, mas era exactamente isso que eu estava a precisar. Concentrei-me em mim, nas mudanças. Ouvi o meu corpo. Senti a gravidez. E quando chegou a hora senti que estava mesmo pronta.

Eu sei que isto (para já) parece impossível. Que a discussão ainda está em ter uma licença de maternidade decente, em não se ser despedida por estar grávida. Mas, andei a pesquisar e, felizmente, não estou sozinha na luta. A União Europeia já lançou a discussão em 2009, com os seguintes argumentos: «proteger a mulher de qualquer pressão do empregador» para «evitar o risco de partos prematuros» (que, como se sabe, estão a aumentar), e «proteger a mulher da fadiga do trabalho e dos transportes».

A conversa não terá dado ainda grandes frutos, mas é um começo. Para alguns, que outros já vão bem adiantados, como a Suécia, que prevê uma licença pré-natal de oito semanas e possui um sistema de licença parental flexível que pode ser transferido para o pai da criança e ir até às 75 semanas. Lá chegaremos. Acredito.


*Patrícia Lamúrias é mãe e jornalista na revista Pais e Filhos.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Regresso às aulas



Por Bárbara Wong*

As férias terminaram e Setembro já começou. Se antes de ir de férias não o fez, então agora é a altura certa: uma limpeza ao local de trabalho dos mais novos, de preferência com eles, para que aprendam a fazê-lo sozinhos, para que não estejam constantemente a perguntar aos pais onde é que está isto ou aquilo – eles sabem, eles arrumaram, lembram-se?

A limpeza serve para guardar os cadernos do ano lectivo passado, os livros (deixar apenas os das disciplinas cuja matéria é sequencial, as gramáticas, dicionários e outros livros auxiliares), e deitar fora o restante material obsoleto (as canetas que já não escrevem, os lápis partidos, os pedaços de borracha, etc).

Feita a limpeza é possível escrever uma lista do que é preciso comprar e que será muito pouco, porque os maiores pedidos de material vêm das disciplinas de EVT e Educação Física e, se a criança não tiver perdido ou estragado, esse material pode passar de ano para ano, até ao secundário!

Logo aqui é uma grande poupança porque não precisa de comprar todos os anos os pincéis, godés, lápis de cera, réguas e esquadros, etc; provavelmente terá que comprar canetas de filtro, guaches, cola e as sapatilhas para a ginástica porque a criança cresceu.

O menino quer um estojo do herói em voga, mas o do ano passado está bom. É uma questão de explicar isso mesmo e se tem que comprar novo material evite a Dora, a exploradora, as princesas da Disney, o Pooh, o Ben10, de maneira a que nada passe de moda e possa continuar a ser utilizado. Ou escolha heróis eternos como o Homem-Aranha e o Snoopy!

Quanto aos livros escolares - por esta altura já estão todos encomendados – veja se os irmãos mais novos podem herdar algum dos mais velhos. Para cada disciplina, é normal haver livro e caderno de exercícios, provavelmente só precisará de comprar os cadernos de exercícios, caso frequentem a mesma escola e não tenha havido novas adopções de manuais. Mais uns euros poupados!

Uma secretária arrumadinha, bonita, com todos os livros e cadernos (ou dossiês) alinhados, é meio caminho andado para entusiasmar uma criança para o novo ano lectivo que se aproxima! A expectativa de rever os amigos, os professores, a escola é muita! Há meninos que nem dormem por estes dias, sobretudo os que vão mudar de turma ou de escola.

Visitar a nova escola antes de as aulas começarem é bom para a criança porque lhe permite desmistificar a ideia que tem do estabelecimento de ensino. Se puder conhecer o professor ou director de turma, por estes dias, melhor ainda. Muitas escolas preparam actividades de integração dos novos alunos, o que é positivo. Transmite-lhes outra segurança saber onde são as salas de aula, as casas de banho, o refeitório; do que andar à deriva pelo recreio, com medo de perguntar.

Aos pais cabe-nos transmitir-lhes estabilidade, segurança e confiança, mesmo que tenhamos as mesmas borboletas no estômago... Bom regresso à escola! Ah! E lembrar-lhes que não é só ir à escola passear o material escolar, que o novo ano se conquista desde o primeiro dia de aulas: concentrados, com atenção e respeito pelos professores e colegas.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Uma ideia gira para as últimas idas à praia

fotografia: Ana Catarina Pereira



Mais uma ideia enviada por uma mãe e partilhada pelo Bebé. Vejam lá se não é tão giro:

Apesar das férias já estarem quase no fim deixo uma sugestão para quem faz férias na praia.



Os miudos adoram apanhar pedrinhas, conchas e afins. É uma excelente maneira de os manter ocupados e a fazerem exercício caminhando pela praia.


Este anos resolvemos usar algumas dessas pedras e fazer o nosso jogo do galo.


Depois de escolhidas as pedras, pintámos 3 com uma X e outras 3 com um 0. Como as pedras eram mais que muitas fizemos ainda um 2º conjunto com as iniciais do nome deles. Não tinhamos tintas para pintar....usámos o verniz das unhas da mãe ;-) ....ficou perfeito! Arranjamos uma bolsinha para colocar as pedrinhas.


Agora jogamos todos as jogo do galo. Uma forma divertida de entreter a criançada.

E é mesmo. Obrigado, Ana Catarina!