segunda-feira, 22 de março de 2010

Cada vez menos crianças

*Por José Miguel Roque Martins

Nas sociedades ditas mais evoluídas, tem-se verificado uma tendência estatística: O número de filhos diminui com o aumento do rendimento das famílias.

Ou seja, a acreditar numa relação de causa efeito, então estamos perante uma situação em que as Crianças se assemelham ao que os economistas chamam de "Bens de Giften", categoria, aliás muito restrita.

Esses bens, também chamados de inferiores, são aqueles em que, quando o rendimento diminui, o consumo aumenta, não por uma questão de escolha, mas por uma questão de necessidade. Ou inversamente, em que o consumo diminui quando o rendimento aumenta, porque já não há a necessidade de os consumir, preferindo-se, então, outros tipos de bens.

Pessoalmente, tenho esperança de que a realidade nada tenha a ver com esta explicação.

Uma das outras explicações alternativas para este fenómeno, poderá ter a ver com uma sociedade, de tal forma exigente, que arrasa Pais, conscientes de serem incapazes de assumirem os deveres afectivos de uma família numerosa.

Independentemente da real explicação, o resultado significa basicamente o envelhecimento da população e com ela a inversão da pirâmide etária. E com esta inversão a falência generalizada, por todo o mundo ocidental, dos sistemas de previdência social.

De forma estranha, parece que o desenvolvimento económico traz, em si, a génese da sua própria extinção, para além da destruição dos modelos de equilíbrio.

Dá que pensar.

* José Miguel Roque Martins, pai e economista.

1 comentário:

  1. Ze Miguel. Obrigada por tudo. Por nos fazeres pensar, por nos desafiares, por seres tu. Por mais um aniversário de vida :-) E por saberes estar na vida. Parabéns. Ainda bem que estás aí!

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