Por Ana Rita Monteiro*
O desenvolvimento cerebral observado nos primeiros anos de vida da criança é preponderante para o seu futuro a nível físico, cognitivo, emocional e social.
No passado, alguns cientistas pensavam que o desenvolvimento do cérebro seguia um padrão biologicamente predeterminado. Hoje sabe-se que as experiências têm uma vasta influência na forma como os circuitos cerebrais são activados. Elas permitem que as cerca de 100 biliões de células nervosas, denominadas neurónios, realizem as conexões dotando a criança de mais e melhores meios para comunicar e interagir com a realidade que a rodeia. O cérebro desenvolve-se numa base genética enriquecida pela experiência, pelas relações interpessoais e pela saúde e nutrição adequadas. Assim, a qualidade das relações nos primeiros 3 anos de vida tem um impacto profundo e duradouro na evolução do cérebro e consequentemente na forma como a criança aprende, lida com o stress e regula as emoções. Após os 3 anos, período crítico que coincide com a vulnerabilidade cerebral à ausência de estimulação, a janela de oportunidade começa a decrescer. Assim, é desejável oferecer um ambiente seguro, uma comunicação eficaz que se inicia ao nascimento e se prolonga por toda a vida, relações consistentes e seguras e uma interacção pautada pelo toque, troca verbal e musical. Ao demonstrarem sensibilidade às pistas dos bebés, ao responderem às suas dificuldades e ao aproveitarem as actividades simples e corriqueiras no intuito de estimular a aprendizagem os pais tornam-se os melhores aliados dos filhos.
Sabemos a importância dos cinco sentidos, através deles a criança descortina os encantos da realidade. A experiência multissensorial é a chave para um desenvolvimento cerebral pleno: falar como o bebé, ler todos os dias, cantarolar e repetir lenga-lengas são óptimas estratégias que intuitivamente muitos pais colocam em prática.
A melhor aprendizagem é aquela que se desenvolve pela sintonia com os estímulos humanos, pela troca de olhares, sons e toques. Os bebés são extremamente responsivos ao movimento – o embalar, o balancear e o ser apenas pegado são actividades muito enriquecedoras e prazerosas por muito simples que possam parecer.
Nunca é demais lembrar: falar, cantar, brincar e ler são as actividades chave para edificar um cérebro infantil!
O desenvolvimento cerebral é de extrema importância. Poderá pensar que o cérebro adulto é bastante mais activo do que o de uma criança, mas este é apenas um de muitos mitos nesta área. O cérebro de uma criança de 3 anos é duas vezes mais activo e forma triliões de conexões. Aos 2 já atingiu cerca de 80% do tamanho adulto… Como muitos autores referem: “The first years last forever”.
*Ana Rita Monteiro é psicóloga clínica.
Um livro interessante sobre o tema "O Cérebro que Aprende".
ResponderEliminarRita Banza