quarta-feira, 28 de abril de 2010

O que mata são as doenças, não as vacinas.

*Por Luís Januário

As doenças infecciosas do passado quase desapareceram e com elas a percepção do perigo que representam. Quando o actual Plano Nacional de Vacinação surgiu, gratuito e universal, num país que despertava para a modernidade, morriam anualmente muitas pessoas com difteria (o garrotilho) e com sarampo. Nas ruas era possível cruzar com vítimas da paralisia infantil.

O que permitiu mudar radicalmente esta paisagem foram as vacinas.

De início vacinas simples, como as que Jenner e Pasteur conceberam. Depois vacinas mais complexas como as que actualmente previnem a diarreia por Rotavírus ou a meningite por Meningococo ou Pneumococo.

Estas vacinas não matam, nem provocam sequelas. O que mata e deixa sequelas aos sobreviventes são as doenças que as vacinas evitam.

Os inimigos das vacinas apoiam-se na ignorância e ironicamente, proliferam quando a doença se torna rara pela eficácia da vacina.

Periodicamente, com grande difusão, ressurgem os velhos mitos dos activistas anti-vacinas: o autismo, o síndrome de Guillain Barré, por exemplo.

Não interessa que nenhuma investigação séria confirme estas associações e todas as contradigam. Vêm do nada, de um terreno movediço empapado pela subcultura naturista e a informação do youtube.

As crianças, desde o nascimento, possuem um sistema imunitário capaz de fabricar estratégias de defesa contra vírus, bactérias e outros microrganismos, nomeadamente através das vacinas. Estas devem ser dadas na idade adequada. Para algumas doenças o risco máximo existente é nos primeiros dois anos, pelo que não tem sentido adiar a vacinação.

A existência em Portugal de um Serviço de saúde bem organizado e de um bom Plano Nacional de Vacinas (embora de actualização um pouco lenta) tem permitido taxas de vacinação elevadas e quase a erradicação de algumas doenças. Uma imunidade de grupo assegura que alguma desta protecção seja extensiva aos não vacinados. Os filhos dos pais que recusam a vacinação são assim beneficiários da consciência da maioria. Se o fenómeno que eles representam se estender, no entanto, voltarão as velhas doenças do passado.

*Luís Januário é pediatra e presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria

6 comentários:

  1. Concordo em absoluto com o seu post.

    ResponderEliminar
  2. Confesso que nem me apraz deixar um comentário sobre esta questão tal é o tom do discurso utilizado, referindo os pais que rejeitam/adiam as vacinas como preguiçosos beneficiários de um sistema acatado por todos os restantes. Contudo, este post faz-me lembrar a conversa com a obstetra (do hospital) que NÃO assistiu ao parto (em casa) sobre a episiotomia - preferimos fazer para não rasgar! Ponto!
    E faz-me lembrar a conversa da pediatra (do hospital) que não assistiu ao parto (em casa) sobre a vacina da hepatite B aplicada no bebé logo a seguir ao parto - porque sim! E não, não têm opção de dizer que não porque é um protocolo hospitalar e não admitimos insubordinações.
    A discussão parece-me que se perde no vacinar ou não vacinar e perde-se a culpabilizar os outros que não nós próprios.
    A discussão deve centrar-se, na minha opinião muito pessoal, na OBRIGAÇÃO de andarmos todos com a carneirada da sociedade. Explico: ou temos todos as mesmas normas ou isto é uma anarquia! Verdade? Não sei...
    Mas eu gostava de sentir que as minhas decisões pessoais ou em relação à minha filha fossem respeitadas sem constituir uma "ameaça" ao bem estar das restantes crianças e sem constituir uma "ofensa" perante os avanços da Medicina.
    É possível? Vamos ver.

    ResponderEliminar
  3. Patrícia, quanto a mim esta questão não tem a ver com carneiradas (eu detesto carneiradas) nem com obrigações. Nem sequer com protocolos mais ou menos instituídos. Tem a ver com factos. As doenças de que fala o texto mataram muitas crianças no passado. Deixaram de matar porque foram erradicadas. Como? Pelas vacinas. Se um número crescente de crianças deixassem de ser vacinadas, as doenças iriam ressurgir. Quem não vacina os filhos e diz que os miudos nunca apanharam isto ou aquilo não pode usar esse argumento. Não apanharam porque a maioria das crianças é vacinada e as doenças não existem neste momento. Eu defendo a liberdade de cada um cuidar dos seus filhos como entender. Em Portugal ninguém te irá obrigar a vaciná-los. Mas não suporto activismos anti-vacinas. Porque acho uma irresponsabilidade. Porque lançar teorias da conspiração pouco fundamentadas e sem dados científicos não serve a ninguém. Porque eu acredito que, se houvesse uma vacina para a leucemia infantil, por exemplo, íamos todos a correr vacinar os nossos filhos (não irias?). Porque é fácil não conhecer o horror destas doenças mencionadas porque nunca vimos uma criança a morrer de uma delas. E não, quanto a mim, não é possível meter no mesmo saco episiotomias, partos em casa e vacinas. São coisas diferentes, decisões diferentes. Tudo de bom para ti.
    Constança

    ResponderEliminar
  4. Eu sou enfermeira há 32 anos, e vi crianças muito doentes, e algumas morrer, com doenças que se evitam com vacinas. Vi também uma criança morrer com uma suposta/provável complicação de uma vacina.
    Nunca tive qualquer dúvida em fazer a minha escolha: vacinei pessoalmente os meus quatro filhos com todas as vacinas disponíveis em Portugal, e sinto-me grata por viver numa época e num país em que essas vacinas estão disponíveis (quase todas gratuitamente) para todos!

    ResponderEliminar
  5. Patrícia
    Peço desculpa se o meu tom soou a dogmático e a irritou.
    Eu não acho que os pais que não vacinam sejam preguiçosos. Acho que são ignorantes. Também sou ignorante em muitos aspectos, embora procure informar-me quando eles têm a ver com a saúde dos que dependem de mim de forma a tomar a melhor posição possível.
    Sobre as vacinas tenho poucas dúvidas. Podemos hoje estar aqui a discutir isto sem receio de apanhar varíola ou difteria, poliomielite ou sarampo, porque houve génios que descobriram as vacina, gente corajosa que as experimentou e produziu e carneirada que, em fila, se imunizou.

    ResponderEliminar
  6. é ridiculo o que este senhor diz, após a 1ª guerra do iraque 275 mil soldados apanharam o sindrome de guillan barre devido ao esqualeno, esqualeno esse presente nas vacina H1N1, depois porque nada diz sobre o mercurio orgânico, o mercúrio é o 2º elemento químico mais potente conhecido pelo homem á frente só o plutónio, passa a barreira hemato-encefálica de todos nós, daí a OMS dizer que qualquer produto com 0,25 microgramas de mercúrio é um produto altamente tóxico, ora bem as vacinas contem 20 a 25 mais esse valor, ridículo não, ciência, perguntem a um bio-químico não a um pediatra.
    Digam lá que não gostavam de ter um produto que tivesse milhões de novos utilizadores todos os anos onde nem têm de fazer propaganda, as vacinas movimentam 20 biliões por ano...20 biliões, com números destes é mesmo bom que digam e que façam bem à saúde.
    Perguntem aos pediatras se quando inoculam uma criança com a vacina e caso ela não tenha essa doença o que andam a fazer esses anti-corpos no corpo, nada???? chama-se mimica molecular, estes anti-corpos atacam a sequencia de DNA mais proxima para aquilo que estavam designados, pois se não há virus....
    19 inoculações em poucos anos e venha a asma, diabetes, doença kawazaki, mas claro é tudo natural, aconteceu é o que dizem....quanto mais vacinas menos anti-corpos o corpo consegue criar isto é tão claro como a àgua, mais grande parte das doenças quando passam ficamos imunizados para a vida ao contrário das vacinas que precisam de reforço e lembrem-se ficam vacinados não imunizados vão ver a diferença ao dicionário porque não é a mesma coisa.
    É como terem uma horta, há uns que metem pesticidas e herbicidas para a árvore crescer sem problemas e resistentes aos parasitas e depois há uns que tratam a horta com orgânicos, cuidam, ambos resultam o resultado é infinitamente mais saudável na segunda opção....

    ResponderEliminar