“Ontem o Tiago chegou a casa e foi o habitual... birra para ir para a banheira, para sair de lá, para vestir o pijama, para ficar na mesa, para ir para a cama... birra por tudo e por nada! Às vezes acredito que o vocabulário dele se reduz à palavra NÃO; diz não a tudo! Não quero sopa; não arrumo os brinquedos; não quero brincar a isto; não gosto de ti, és má!
O Tiago só tem 4 anos, mas valem por muitos e por todos os irmãos. Passa os dias nisto, entre birras, a dizer não, em guerras com o mano mais velho, a desarrumar a casa de uma ponta à outra, a andar de um lado para o outro e a trepar para o nosso velho sofá... No Jardim de Infância, todos os dias a educadora tem uma queixa nova, por vezes acho que faz coleção dos feitos negativos do meu Tiago... Quando o vou buscar até evito chegar muito perto, para não ter de ouvir as lenga-lengas do costume. O Tiago bateu… O Tiago gritou… O Tiago fugiu… O Tiago, o Tiago, o Tiago!
Não aguento mais! Depois de um dia de trabalho cansativo, quando chego a casa apetece-me logo fugir! Ele está sempre a contrariar-me, a testar-me. Só descanso quando está doente, é a única altura em que fica mais calmo...
Às vezes penso se será parecido comigo ou com o pai, a minha sogra diz que o meu marido também era rebelde em pequenino; ou se a culpa será nossa... Dou voltas à cabeça e lembro-me dele sempre assim. Com uma personalidade muito forte, desde bem pequenino. Aliás, os primeiros meses foram um verdadeiro inferno, chorava sem parar! Depois quando começou a andar, parecia que tinha pilhas duracel! Lembro-me que um dia estávamos a sair de casa para a escola e ele insistiu que queria uma garrafa de água, não parou até que eu lhe desse a água... sei que fiz mal, mas já não aguentava. De manhã tenho o tempo contado para entrar no trabalho.
O Tiago não é só isto, mas às vezes só vejo isto... Quando estou com a ‘temperatura mais baixa’, consigo brincar com ele à maneira dele e ele fica contente... depois abraça-me e dá-me um daqueles beijos todos repenicados, que as mães como eu adoram e de que tanto se orgulham!”
Esta é uma entre muitas histórias que conhecemos todos os dias no Projecto Anos Incríveis. Histórias de meninos, mas também de meninas; de pais que sabem que as crianças não vêm com manual de instruções e querem apenas saber se estão no caminho certo ou errado; histórias de pais preocupados com o futuro, com a entrada na escola; histórias de pais com pouca esperança, que acham que os filhos são pequenos “diabinhos” e a quem alguém sugeriu o programa Anos Incríveis; e também histórias de pais desesperados, que querem ajuda.
Contactos:
http://projectopaismaesincriveis.blogspot.com
anosincriveis.coimbra@gmail.com
Andreia Azevedo e Tatiana Carvalho Homem– Psicólogas, Doutorandas e Investigadoras
Maria João Seabra Santos e Maria Filomena Gaspar– Professoras da FPCEUC e Coordenadoras Científicas do Projecto
Estava a ler o texto e a rever-me completamente nessas linhas...
ResponderEliminarComo estou em Coimbra, vou contactar as organizadoras do projecto e ver como participar.
Obrigada pela dica!!!
Eu, como aprendiz de Mãe (mais) incrível - como gosto de me chamar, recomendo vivamente!
ResponderEliminarSou Mãe de duas meninas tão maravilhosas quanto terríveis (uma de 4 e outra de 2), e já vejo resultados desta minha nova maneira de ser Mãe, desta nova forma de vida.
Não custa assim tanto ver os nossos filhotes com os "óculos cor de rosa"!
Obrigada por me terem proporcionado esta fantástica forma de viver, principalmente muito obrigada à Maria João e à Cláudia!
Joana Trindade