Quando era pequena sonhava ser como a Super-Mulher! Igual! Rodar sobre mim mesma, dar duas voltas e transformar-me! Ter um fato elegante e patriótico (igualzinho ao dela, que isto de termos uma bandeira vermelha e verde, faria o fato perder toda a graça!), uma cintura de vespa e peito!
Mas, por mais voltas que desse, ficava tudo na mesma, as mesmas tranças, a mesma saia, as mesmas sabrinas e o mesmo ar de menina pequena, sem peito, sem rabo, sem nada… Ainda assim, a imaginação dá para muito, por isso, imaginava-me de olhos azuis, cabelo longo e encaracolado e pronta para combater as injustiças. E ele era pontapés, corridas e saltos!
Hoje, eles têm outros heróis, vibram e imaginam tudo tal e qual como nós quando tínhamos a sua idade e dão uns pontapés e uns socos valentes, também correm dos inimigos ou com eles e fazem os mesmos gestos que os seus heróis, sejam o Ben 10, o Homem Aranha ou outro. As meninas não têm a Super-Mulher, mas têm outras heroínas, sejam cantoras como a Hannah Montana (um bocadinho pateta, mas há sempre uma liçãozinha de moral a tirar) ou as Winx (que também lutam contra o mal, transformam-se e voam! Muito melhor do que a antiquada Super-Mulher que só corria e saltava…).
Os heróis fazem parte do nosso crescimento. São figuras de referência e o que nos fica da infância não são os pontapés, mas a ideia que lutam pelo bem e pela justiça, valores que queremos que eles tenham. Depois, é educá-los, é dizer-lhes que os problemas não se resolvem com pontapés, mas com diálogo. E eles aprendem, uns levam mais tempo do que outros, mas aprendem!
Confesso que ainda hoje gostava de ser a Super-Mulher, sobretudo ter os seus olhos azuis e a cintura de vespa! Mas mesmo sem estes requisitos, eu sou uma Super-Mulher: quem senão uma Super-Mulher faz, em duas horas, pequenos-almoços, lanches, prepara os miúdos para sair para a escola; faz o almoço, um bolo, deixa a mesa posta, prepara-se para sair e toma o seu pequeno-almoço? Só uma Super-Mulher! Porque, de seguida, há um dia de trabalho pela frente, sem fato patriótico, mas na procura de fazer a justiça e praticar o bem!
*Bárbara Wong é jornalista do Público, especializada em assuntos da Educação.
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