terça-feira, 22 de março de 2011

Super-mães

Por Cláudia Pinto*




Contar histórias… Conhecer pessoas… Sentir-me pequenina quando vejo que, por vezes, também eu reclamo de quando em quando de coisas que, pasme-se, não têm mesmo importância! Enquanto jornalista especializada na área da saúde, tenho o grande privilégio de me cruzar com pessoas que têm uma história para contar e que me dão as maiores lições de vida que se possa imaginar.

A experiência é tão enriquecedora que tento manter-me a par das novidades e saber como estão… O Facebook acaba por ser um excelente aliado para que me sinta perto de entrevistados que me marcaram, por um ou outro motivo, e com quem acabei por ficar com uma ligação especial. Porque só assim sei viver nesta profissão.

Ao longo deste percurso, conheci verdadeiras super mães. Sara, Patrícia e Cristina. Três nomes de grandes mulheres, mães ideais, cada uma com uma história para contar e pelas quais tenho a maior admiração. Todas elas mães coragem que não baixaram os braços com as adversidades e que são movidas pelo amor. Sempre.

Sara Melo, mãe de cinco filhas, quatro delas, quadrigémeas. Todas elas foram as protagonistas de um artigo intitulado “Em quatro minutos, quatro bebés”. Benfiquista de coração, programou uma segunda gravidez porque gostava muito de ter um menino (já imaginava o filhote a jogar no Glorioso) até que uma ecografia deixou todos os profissionais da clínica extasiados. Aos poucos, Sara apercebeu-se que esperava quatro filhos… Sem tratamentos de fertilidade. De forma natural. Como se a mãe natureza a tivesse escolhido devido à sua garra, forma de viver a vida e de enfrentar a responsabilidade. Parece que Sara nasceu para ser mãe. Só uma pessoa com a sua energia e maneira de ser consegue dedicar-se por inteiro à maternidade no seu esplendor sem nunca ter sentido necessidade de apoio psicológico e com uma recuperação fora do normal. A vida é hoje e há que enfrentá-la. Sem medos. Como Sara sabe fazer tão bem ainda que durma poucas horas e se desdobre em funções.
Miriam, Zaida, Alícia, Cíntia e Dânia fazem as delícias de Sara e de Edgar, o super pai. Um dia-a-dia pouco rotineiro e cheio de aventuras para contar. Se tiver curiosidade, acompanhe http://www.mimieasquadrigemeas.blogspot.com/ e conheça melhor esta grande família. 
Patrícia Cãmano é mãe de Leonardo. Também ela tem dias e noites fora do comum e muito agitadas. Trabalha muito, dorme pouco, move céus e montanhas e não desiste. Consegue com determinação, serenidade, muito cansaço e amor incondicional apoiar o seu “ratinho”, um bebé que sofre de uma doença rara denominada de Lisecenfalia, que significa, cérebro liso.

O Leonardo é um bebé muito bonito a quem foi dada uma esperança média de vida de dois anos… mas felizmente o segundo aniversário já foi comemorado e os papás continuam a viajar até ao estrangeiro e a pedir variadas opiniões médicas para garantirem que a sua qualidade de vida melhora e que o sofrimento provocado pela doença pode ser minimizado. Não desistem. Vão à luta. Não se resignam. O Leonardo tem “um atraso mental profundo, com uma idade mental equivalente a 3 ou 5 meses de idade”, epilepsias graves e uma reduzida esperança média de vida. Contei esta história numa das revistas para onde escrevo e mantenho contacto com Patrícia via Facebook… Sinto-me impotente por pouco poder fazer mas apelo a quem souber mais sobre esta doença e a quem consiga aconselhar um especialista ou apoiar esta família de qualquer forma, que o faça sem hesitar. Não deixe de aceder ao blog oficial deste lindo “ratinho” em http://cerebro-liso-lisencefalia.blogspot.com/

Cristina Gonçalves Ferreira, mãe de António. Tudo corria bem na gravidez até ao 5º mês. Uma infecção contraída na gestação fez com que o seu filhote tivesse pressa de nascer. E nasceu. Com apenas 674 gramas. 24 de Abril de 2008 foi a data de nascimento do pequeno António, um verdadeiro lutador. Nasceu cedo demais como a defender-se da infecção que perturbou precocemente a gravidez.
A mãe de apenas 27 anos teve de aprender a lidar com a realidade de ter um filho prematuro que passou dez meses na unidade de neonatologia do Hospital de São Francisco Xavier. Cristina passava entre 10 a 12 horas no hospital para acompanhar o crescimento do pequeno António que sempre demonstrou vontade de viver. Os pais babados acompanham passo a passo o seu crescimento. Felizmente, António nunca ficou com sequelas motoras ou psicológicas. Três anos depois, é um bebé enérgico, carinhoso, de sorriso encantador… 
A mãe Cristina teve de dedicar-se em pleno ao seu filhote e deixar de lado alguns projectos profissionais, apesar de ter voltado para o curso de arquitectura que ficou em segundo plano depois do nascimento. Cada pequeno passo de António transforma-se numa grande vitória para a família.

Três mães, três histórias, três realidades. Mulheres que tive o privilégio de conhecer e que transformam a minha profissão na nobre possibilidade de contar estas histórias e passar mensagens de coragem. Para mim, que ainda sou só jornalista, tia de dois sobrinhos (a caminho do terceiro) e ainda não me aventurei na maternidade, fica o exemplo da enorme coragem com que cada uma vive os dias imprevistos e a realidade desconhecida. Espero um dia ser uma mãe tão forte, dedicada e brilhante! Sara, Patrícia e Cristina são AS super mães. Indiscutivelmente. Merecem o respeito de todos e a admiração de quem se cruza com elas. 

Merecem que a vida as trate bem. Porque dão muito da sua energia à vida. 

*Cláudia Pinto é jornalista especializada na área da saúde, editora do Jornal do Centro de Saúde e colaboradora em várias publicações da área. Está actualmente a concluir o Mestrado em Comunicação em Saúde pela Faculdade de Medicina de Lisboa.

6 comentários:

  1. Obrigada, Cláudia, por este testemunho.
    Sou suspeita neste tema, mas acredito que não será demais falar destas Mães. Porque não são Mães iguais a muitas. São Mães como poucas.
    Não sei se serei uma Super Mãe, mas sou uma Mãe-Especial de um Super-Filho-Especial. É um herói que já completou os 7 anos de idade e faz agora 6 anos de "ser especial", com uma Paralisia Cerebral, epilepsia e doença pulmonar crónica que adquiriu com 1 ano de vida após uma infecção a adenovírus (neste percurso inicial conhecemos a Dra. Maria João Brito).

    E a vida nem sempre trata bem estas Mães... Daí o meu reconhecimento e agradecimento.

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  2. Eu sei que todos os filhos são lindos, mas o Leonardo é mesmo um menino bonito. Força.

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  3. Nós, os que cruzamos e seguimos a trabalho da Cláudia é que somos uns privilegiados! Quando a sensibilidade se alia à competência acontece algo muito bom: leituras aprazíveis, momentos raros que nos emocionam. Bem Haja!

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  4. Sim, um belo testemunho e um brinde gigante para todas Super-Mães e Super-Pais que fazem tudo mas tudo por Amor, pelos seus tesouros, os filhos, a família...

    A todos eles um grande abraço e continuação de muitas Vitórias

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  5. Obrigada Cláudia pela partilha e parabéns a estas e a todas as Super-Mães que me fazem sentir tão pequenina...

    Um grande bem-hajam!

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  6. Nunca e demais elogiar estas super mamas! assim como me posso rever em algumas delas, sou mama, nao super, mas especial, de um menino de 13 anos k sofre de uma doença rara, a miopatia (distrofia muscular) das cinturas, um menino lindo, maravilhoso, sempre bem disposto, apesar de estar preso numa cadeira de rodas desde os 10 anos de idade, totalmente dependente dos outros para os mais pekeninos gestos do dia-a-dia... e ha 15 meses, fomo abençoados com a chegada das nossas 2 princesas gemeas, k felizmente sao cheias de saude! Um grande bem-haja a todas as super e especiais mamas!

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